A sessão ordinária do dia 31 de outubro de 2016 mostrou algo impressionante. Mostrou que Deus é tendencioso e influencia nas eleições, desconsiderando o livre arbítrio, atendendo as orações de uns em detrimento das de outros, isso, segundo as palavras de seus “servos” legisladores.
Jorjão (PMDB), sendo o primeiro a fazer uso da tribuna, atribui a Deus a vitória de Audifax.
Guto (PP), afirma que Deus não permitiu que Audifax caminhasse pelos bairros no primeiro turno e foi além, deixando a entender que a vitória dele foi um milagre, pois, se fosse o próprio Guto que tivesse adoecido em plena campanha, que não receberia nem 100 (cem) votos (pausa para as perguntas: quem faz um vereador ser reeleito é o seu trabalho ou a sua campanha? Se fosse com base no seu trabalho, não receberia nem 100 votos?). Guto continuou falando que Deus disse para Audifax falar para a população que eles precisam da Guarda Municipal armada, que precisa terminar a obra do rio Jacaraípe, que Deus determinou para que dissesse à população que ele havia entregado 1300 (mil e trezentas) habitações e que está fazendo 15000 (quinze mil) escrituras que irá entregar.
Ainda bem que Deus não mente, assim, 15000 (quinze mil) residências serão regularizadas.
Da tribuna, Guto deu oportunidade ao vereador Xambinho (Rede), que fez um bom uso da retórica, no entanto, não acrescentou nada relevante, nem para que possa ser criticado, nem para que possa ser elogiado.
Após algumas palavras, Guto cedeu um pouco de seu tempo a Miguel da Policlínica, que afirma que a população atingiu um nível de consciência e análise e, em outras palavras, Vidigal perdeu por isso, pois, a população entendeu que temos 3 (três) deputados federais que precisam mandar recursos para nosso município.
Por fim, Guto passou a palavra para Cezar Nunes (Rede) que inicia falando sobre as escrituras que serão entregues, pois houve uma promessa e que como Deus é maravilhoso, essa promessa será cumprida.
Após Guto, sobe à tribuna o vereador Luiz Carlos Moreira, que também faz uso de Deus em seu discurso, alegando que é Ele quem destina o caminho deles.
O discurso de Moreira foi relativamente melodramático, afirmando que já chegou em casa chorando várias vezes, devido aos ataques, injúrias e agressões na câmara. Assumiu que apoiou Vidigal nas eleições de 2012, mas, que reconhece tudo o que foi feito pelo atual e reeleito prefeito Audifax, dizendo que o município melhorou, que seu bairro melhorou, que sua rua não é asfaltada, que não tem saneamento nem esgoto, mas que seu bairro melhorou (?).
Moreira alfineta alguns de seus companheiros vereadores, que não sabemos quem é (SQN), mas, que esse também o quase fez chorar (novamente), quando, na última sessão, esse companheiro disse que em 31 de dezembro tudo muda e que no dia 01 (primeiro), esse prefeito estará na cadeia. Afirma que isso é falta de respeito com o gestor público, pois “todos nós acertamos e todos nós erramos” (o que será que ele quis dizer com isso?) e novamente trás Deus ao cenário, dizendo que Ele pune aqueles que cometem essas injustiças.
Depois de tecer elogios ao Gideão, reafirma que Deus deu a oportunidade de mais 4 anos para cumprir seus compromissos com o povo da Serra e que foi a mão do Senhor, a mão de Deus que fez com que um candidato que estava em coma durante 17 dias se levantasse e ganhasse a disputa.
Dada oportunidade a Auredir Pimentel (Rede) diz que a cidade da Serra não aceita mais a eleição da arrogância e, por isso, a outra parte foi derrotada.
Após o término da fala de Luiz Carlos Moreira, foi observada a saída de alguns vereadores, sendo um deles o sr. Alexandre Xambinho, que aparece na câmera da sessão, sorrindo enquanto abandona o local.
A presidente Neixia (PSD), usa palavras apropriadas, deixando a entender uma crítica à demagogia daqueles que pregam moralidade, seriedade, compromisso e se levantam, saindo para não votarem projetos.
Na recomposição de quórum, ficaram presentes somente os vereadores Aécio, Antônio Boy, Davi, Gideão, Gilmar e Luiz Carlos Moreira, se ausentando do plenário Alexandre Xambinho (que ria enquanto saía), Auredir, Cezar Nunes, Guto Lorenzoni, Jorjão, Miguel da Policlínica, Pastor Ricardo, Rodrigo Caldeira, Sabino, Tio Paulinho e Toninho Silva. Basílio da Saúde não ficou claro se ele não compareceu ou se saiu, mas, no momento da votação, não estava presente.
Com a saída dos “nobres” vereadores, não houve quórum suficiente para dar continuidade à sessão.
Gideão (PR), visivelmente irritado, diz que nem tudo que é legal é moral e que atitude que fora tomada naquele momento, mesmo tendo respaldo em um regimento ultrapassado, é imoral.
Gideão dispara que os vereadores só se retiraram para não votarem a aprovação das contas de Vidigal referente ao ano de 2010 e que essa base aliada que tanto usou o nome de Deus, quer a aprovação das contas de Audifax para votarem as contas de Vidigal.
Gideão informa que há um mês que não tem sessão de votação por causa dessa atitude e que, pelo visto, não haverá até 2017.
Por tudo o que foi presenciado, fica claro que Deus é uma relatividade na câmara da Serra/ES e, parece, que saiu dali junto com aqueles vereadores da sessão da câmara desse dia.
Thom Guyansque
De olho na Serra/ES
fb.com/deolhonaserraes