Texto: Rafael Scaquete do Nascimento
Hoje, 04/12/2016 por volta das 14 horas quando fui almoçar no Deboni’s restaurante, na praia do Canto, me deparo com uma criança de cerca de 11 ou 12 anos caída na escada de acesso desse estabelecimento. Vendo a cena, fui ao encontro dela, para observar se apresentava sinais vitais. Assim que tentei levantá-lo, começou a tremer como num estágio pré-convulsivo, no que não respondia, não acordava. Próximo a seu corpo tinha uns dez reais no chão e uma marmita com comida. Funcionário desse comércio e também clientes disseram que, essa cena é comum e acontece constantemente .
Entrei, almocei, engoli na verdade, pois a imagem desse moleque desmaiado, não me saía da cabeça. Saí, peguei o carro, estacionei próximo ao piá, o peguei no colo, e quando estava pra pô-lo no veículo para levá-lo pro hospital, ele acorda assustadíssimo, ainda muito grogue já consciente, se encosta no poste, muito sonolento, no que pus a comida que alguém tinha deixado, nas mãos dele, catei o dinheiro do chão e também o dei, comecei indagá-lo, enquanto almoçava, quase dormindo.
Segundo o mesmo, se chama Deividi (literalmente escrevendo), mora nas ruas, e os pais também. Ele não soube me dar informações de onde eu poderia os encontrar. Se recusou a ir para o hospital e negava estar sobre efeito de drogas, embora estivesse muito aparente, esse ser o motivo de se encontrar naquela situação.
Nos preocupamos tanto com animais irracionais nas ruas, abandonados, mal tratados, desleixados, pedimos doações, auxílio, um lar. E esse tipo de animal, que não tem raça distinta, é humano igual a nós, não merece ajuda ou piedade? Não conseguimos ver nós no outro por quê? Tantos entrando e saindo daquele self service bacana, de 75 reais o KG da refeição, olhavam e não agiam, talvez diziam, não tenho nada com isso.
Muitos desses pregam Cristo com eloquência nas palavras, mas com deficiência de ações. Talvez instintivamente pensam, “não tem problema, Deus perdoa.” Clamo pelo Deividi, e por outros que estão na mesma situação, vamos tentar adoção, ou auxiliar da forma que nos aprouver, podemos mudar a história dessas pessoas.
Não ao aborto embrionário, fetal e ao abandono pós parto. O amor é como um espelho, reflete o que o ser humano está cheio, não é uma vontade, um querer. Que possamos nos esvaziar da soberba do ego e nos preencher nas bonanças da solidariedade. Não espere morrer como aconteceu com o elenco da Chapecoense para refletir os sentimentos; remorsos na verdade; diga, aja, faça enquanto vivo, para que a consciência não te traia nos momentos derradeiros, próprio ou alheios.
Que a paz esteja com todos nós, e que vivamos os exemplos de Cristo ao invés de só o pregar da boca pra fora, pois assim evitaremos de o pregar no madeiro por mais vezes. Em qual das pregações cada um de nós, somos responsáveis? A fé sem obras é morta. Que reflitamos. Assim seja. Amém.